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21 Graus

Por Cristina Tolovi

Desde os primórdios da faculdade, relacionamos ou questionamos: moda é arte? Design é arte? Essa arte é arte? Sem entrar nesta discussão interminável, acredito genuinamente que a arte pode manifestar-se em várias áreas e suportes, pois atua como um imenso guarda-chuva, abrigando-as. Esse é o olhar que compartilharei aqui com você nos posts que estão por vir, começando por convida-lo a conhecer o serviço de tour por galerias de arte. Vamos?

O tour é feito para pessoas comuns (como eu e você), que tem certo interesse ou curiosidade por arte e que anda ensaiando ter sua própria coleção, mas não se sente nenhum um pouco a vontade em entrar em galerias ou acha que é tudo muito inacessível. Sentir-se intimidado acaba privando as pessoas de ter um contato mais simples e próximo com algo que está dentro de nós, a arte. E, cada vez mais, vejo no meu trabalho gente que quer muito, mas muito mesmo, visitar galerias, conhecer mais artistas brasileiros principalmente e gastar menos em sofá e mais em obras de arte. Investir mais em arte e menos na bolsa de valores. Justo.

Mesmo hoje, muitas galerias ainda trabalham em um modelo antiquado e arte_intilultrapassado de portas fechadas. Em várias delas os funcionários olham uns dois centímetros acima da cabeça do ex-futuro cliente. Esse comportamento vem de longa data – e Don Thompson nos dá uma pincelada explicativa e divertida sobre ele em seu livro “O tubarão de 12 milhões de dólares – A curiosa economia da arte contemporânea”. O que sei, e conto a todos mostrando o caminho das pedras, é que há muita obra de arte a valores acessíveis, para se iniciar uma coleção. Até Steven Murphy, diretor da casa de leilões Christie’s, declarou em entrevista que o sucesso das vendas não pode depender apenas da minoria mais rica.

Com este cenário, praticamente de mãos dadas, apoio os primeiros passos nessa direção. Procuro entender do que a pessoa gosta, seus costumes e hobbies, escolho algumas galerias e inicio o roteiro, sempre levando em conta o orçamento em questão, já que existem sim galerias para todos os gostos e bolsos.

Nesse processo explico o posicionamento da galeria, que exposição está acontecendo e que artistas ou movimento artístico ela trabalha. Chegando lá, atuo como facilitadora e intermediadora entre o visitante e o galerista. Peço para ver algumas obras de artistas que gosto, pra quebrar o gelo, e depois eles mesmo mostram outros a partir da sintonia que vão criando com o visitante. A conversa vai fluindo e o monstro de sete cabeças acaba se transformando em um lindo ursinho de pelúcia branco.

Ben Vautier grafiteUfa! O resultado é uma imensidão de prazer e fuga, misturada com entusiasmo e regado a novas ideias e pensamentos, com promessas de amor eterno. Saldo positivo, salvei uma alma.

Se você quiser fazer o seu próprio tour, encorajo-o e indico o Mapa das Artes, comandado pelo jornalista Celso Fioravanete, que abrange informações de todo o Brasil.

O que quero é desmistificar o mundo por de trás da arte. É um mercado permeado por uma imensidão de subjetividades conceituais, emocionais e mercadológicas, mas que nos trás um certo preenchimento deste grande vazio que é nossa existência.

Como disse o jornalista Marcelo Carneiro Cunha recentemente, ao defender o Vale Cultura, “Cultura e arte fazem simplesmente não a maior mas a melhor parte da vida”.

Cristina Tolovi é formada em Desenho Industrial pela FAAP, cursou pós graduação na FASM e tem MBA pela FIA-USP. Especializada em gestão e posicionamento de marcas, depois de trabalhar em empresas como Great Place to Work, ESPN Brasil e Ed. Abril, hoje é responsável pelo Departamento de Arte, empresa que realiza consultoria para galerias, e presta serviços de arte para empresas e novos colecionadores.

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