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21 Graus

Ocupação Zuzu


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Por Marcia Hamaoka

Num dia em que se relembraram os 50 anos do golpe militar de 1964, o Itaú Cultural optou por marcar a data com a inauguração da exposição de um dos grandes símbolos da luta contra a ditadura. Ocupação Zuzu é uma cuidadosa mostra, que homenageia essa militante que, ao contrário do esterótipo do guerrilheiro, era uma das mulheres mais chiques do Brasil dos anos de chumbo. Uma das primeiras estilistas brasileiras a fazer sucesso internacional, vestiu Joan Crawford e Kim Novak, além das damas da sociedade local. À frente do seu tempo, já usava referências típicas como as rendas e chitas que hoje causam impacto nas passarelas mais ousadas.

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Com a entrada de seu filho para a luta armada e seu desaparecimento, ela passou a usar seus desenhos para expressar a angústia da busca pelo paradeiro do filho, com estampas de anjos e cruzes, muitas vezes usadas sobre um preto claramente de luto. Ousada, chegou a usar um modelo desses ao lado da mulher de um general poderoso, que viria a ser presidente. Incansável, usou todas as oportunidades que teve para denunciar os abusos da ditadura, como desfiles e solenidades no exterior. Sua morte, altamente suspeita e nunca esclarecida, num acidente na saída do túnel carioca que hoje leva seu nome, só reforçou seu posto inspirador para diversas gerações de brasileiros.

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Na noite de abertura, discursos emocionados como o da filha da estilista, Hildegard Angel, e da ministra da Cultura Marta Suplicy deram o tom da homenagem. A melancolia era inevitável, e o desfile de réplicas de modelos de Zuzu teve a sobriedade que a ocasião exigia. Nomes importantes da moda como Ronaldo Fraga e Paulo Borges estiveram por lá, prestigiando a bela parceria entre o Itaú Cultural e o Instituto Zuzu Angel, que coloca a moda num espaço dedicado às artes, dando ao trabalho único de Zuzu a reverência mais que merecida. A partir de 5a, uma mostra de documentários e filmes de ficção sobre o contexto sociopolítico da ditadura militar e a moda no período completam o ciclo.

A música Angélica, de Chico Buarque, foi composta em homenagem a Zuzu Angel.

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1 Comentários

  1. paola vogelResponder

    abril 05, 2014, 09:40 PM

    Demais esta homenagem e a música de Chico sempre incrível !!

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