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21 Graus

História da moda: Prada

Mario Prada

O início não podia ser mais tradicional: aberta pelo signore Mario Prada, em 1913, na mítica Galleria Vittorio Emanuele, em Milão, a marca já nasceu com a aura da exclusividade e excelência. Produzindo malas de couro, baús e outros acessórios de luxo, em poucos anos era escolhida a fornecedora oficial da família real italiana, conquistando de vez a elite europeia do início do século passado. Nos anos 1950, a casa desenvolveu um tipo especial de nylon mais nobre, que solidificou a imagem de sofisticação e excelente matéria prima. Esse material daria origem à mochila ícone, que marcaria a virada da Prada nos anos 1980.

E esse renascimento da marca viria pelas mãos da neta mais nova de Mario Prada, Miuccia, uma ótima supresa para a família e para o mercado. Com passagem pelo partido comunista, uma formação em mímica (!) e um PHD em ciência política, a hoje todo poderosa da Prada não era exatamente a escolha óbvia para herdar o negócio da família. Mas com a veia empreendedora forte, uniu-se ao Patrizio Bertelli, businessman ligado ao mercado do couro e dedicou-se ao design de peças que se tornariam verdadeiros clássicos. A primeira foi exatamente a já citada mochila, que ganhou o mundo em 1985 com o nylon diferenciado e uma aplicação sutilmente elegante do logotipo, discreta, em contraste com as etiquetas gigantescas de boa parte da concorrência.

A abertura de uma nova loja na Via della Spiga in Milan ajudou a sedimentar a virada para a era Miuccia. Combinando elementos tradicionais com uma arquitetura contemporânea, já trazia o verde que até hoje dá o tom das filias em todo o mundo. Em pouco tempo novas unidades foram sendo abertas internacionalmente: Madri, Nova York, Paris, Tóquio… As peças da Prada se tornaram objeto de desejo fashion e não só pelas bolsas: em 1998 a marca lançou uma linha feminina, fazendo de Miuccia Prada uma das designer mais festejadas (e copiadas) do planeta. Em 92, foi lançada a Miu Miu, linha mais acessível, baseada no guarda roupa pessoal da estilista, usando seu apelido como nome.

fondazione

Fondazione Prada
Foto: Marcia Hamaoka

Na mesma década, ela e o agora marido Bertelli criaram a Fondazione Prada, incentivadora da arte contemporânea, cuja sede 21-Graus visitou no ano passado. Pouco depois, o casal se aventurou na criação de um portfólio de grandes marcas, como a Gucci e a LVMH mas acabou retraindo em 2001. O movimento, porém, foi de ajuste, e não de prejuízo. A Prada é uma das poucas marcas globais ainda independentes, controlada pela família do fundador. Miuccia voltou à lista dos bilionários da Forbes em 2012 e está muito bem, obrigada. Fiel a uma moda que não faz concessões à vulgaridade para ser sexy, tampouco admite parcerias com cadeias populares como alguns concorrentes que às vezes desenham uma coleção para H&M e similares. Segundo Miuccia, não vale a pena fazer cópias mal acabadas de suas peças para vender por um valor menor. Palavras de quem sabe se posicionar com a certeza da qualidade.

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