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Luiz Philippe e a arte que “engana os olhos”

mostra de luiz philippe no rio - abre

Luiz Philippe conviveu e trabalhou com Frans Krajcberg (falecido recentemente) na região de Itabirito, em Minas Gerais. Acabou se tornando conhecido por seu trabalho com minérios, terras e pigmentos e também por seu lado designer, em que produz imagens que “enganam” os olhos. “Enganar o olho”, em francês, significa trompe-l’oeil, estilo de arte que estampa as ruas das cidades da Riviera francesa.

“O trompe-l’oeil barroco informa o prazer lúdico das assemblages. Humor de um lado e nonsense de outro atravessam o perímetro das obras para aguçar-lhes o núcleo de atração. Uma dimensão outra que a do visí­vel e do cotidiano é o que o surrealismo persegue: Luiz Philippe a alcança, ao transitar, através de refinada manufatura, do estranhamento que a operação semiótica produz, inquietante e serena, contundente mas silen­ciosa, para o encantamento do objeto em si”, define o escritor, curador e ex-prefeito de Ouro Preto Angelo Oswaldo.

O-artista-luiz-philippe

Agora chegou a hora de os cariocas conhecerem melhor o trabalho de Luiz Philippe, que já vive por aqui desde os anos 80. É que no próximo dia 30 começa a mostra individual “Ilusionista”, na Galeria Marcia Barrozo do Amaral. Em cartaz, uma série de trabalhos marcados pelo desvio da realidade através de trompe-l’oeil e falsas perspectivas.

A mostra reúne 17 esculturas e assemblages (entre peças únicas e múltiplos), inéditas em sua maioria. “Tirei o título da mostra de uma das obras que dá o conceito geral do meu trabalho. Eu lanço muito mão de perspectivas ilusórias. Gosto de criar situações que desviam as pessoas de seus pontos de vista normais. E isso funciona como janelas, como um preparo – ou melhor, um ‘despreparo’ – para que sejam enxergados outros aspectos simbólicos das peças”, resume o artista.

Entre os destaques da exposição estão a obra “Casa Imprópria”, onde um lar de madeira é trancado a cadeado, e a chave que o abre se encontra dentro do mesmo, “Equilibrista”, que apresenta o desafio de uma corda bamba, tendo uma caixa de madeira como vestimenta, e “Túnel”, uma ilusão de ótica de profundidade, que remete a antigos cubos de brinquedo, onde se tenta abrir um túnel.

Minas Terrestres

Outro ponto alto da mostra é o múltiplo “Minas Terrestres” (acima), uma caixa de ferro em falsa perspectiva, de onde parece escorrer ouro. Este trabalho faz menção ao desastre ecológico ocorrido no município de Mariana, em 2015, quando uma barragem de uma mineradora se rompeu. “O duplo sentido do nome liga o potencial destruidor das minas terrestres a Minas Gerais. E o ouro simboliza a busca da riqueza a qualquer custo”, explica Luiz Philippe.

 

Serviço:

Mostra “Ilusionista”, individual de Luiz Philippe

De 30 de novembro a dia 21 de dezembro de 2017

Galeria Marcia Barrozo do Amaral – Shopping Cassino Atlântico (Av Atlântica 4240, Copacabana), subsolo, sala 129.

Entrada gratuita

 

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