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Sob o sol da Córsega – post do leitor

Uma viagem a um paraíso na companhia de um craque da cozinha e um mestre das imagens. O post do leitor hoje traz um roteiro da Córsega feito pelo chef Edinho Engel, dos restaurantes Manacá (Camburi, SP) e Amado (Salvador) e pelo fotógrafo e cineasta Pico Garcez. Com passeios e sabores imperdíveis, conheça essa ilha simplesmente deslumbrante.

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Foto Pico Garcez

Por Edinho Engel

Fotos Pico Garcez

 

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Foto Pico Garcez

Banhada pelo azul e translúcido Mar Mediterrâneo, com interior de altíssimas montanhas, vales e paisagens paradisíacas, a ilha de Córsega é, sem exageros, soberba, rústica, ancestral e mágica. Sua população, ainda que formalmente francesa, se vê como outra nação. Por isso, briga por independência e autonomia. Pudera! Os corsos resistiram a um intrincado histórico de ocupações: fenícios, etruscos, gregos e romanos, mais recentemente espanhóis, italianos e finalmente, os franceses, que por lá aportaram em 1768.

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Foto Pico Garcez

 Hoje, quem aporta por lá são os turistas em busca de praias lindas, comida boa e um patrimônio histórico ímpar. A chegada à terra firme pode ocorrer por Bonifácio, ao sul da ilha, em uma viagem inesquecível em meio à água azul, cortada de tempos e tempos por veleiros e lanchas. As falésias de granito desta parte da Córsega formam verdadeiras muralhas, sobre as quais a cidade antiga é vislumbrada. Uma vez no porto, o movimento intenso mostra que as ruas e calçadas da região são para aqueles que gostam de agito.

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Foto Pico Garcez

Quem busca refúgio da correria deve seguir para Porto Vecchio, pequena cidade próxima, recortada por praças e ruelas, e pródiga em bons restaurantes e hotéis de charme. Em uma parada no restaurante L’Antigu, em uma bela tarde de primavera, servem como acompanhantes perfeitos para o cenário e para os paladares mais exigentes: atum (bom e famoso em todo o litoral da Córsega e Sardenha), mil folhas de beringela, Saint Pierre (o legítimo) e cannette (um tipo de marreco). Mas a carne de vitela e mais os bons vinhos corsos (Leccia e Croce) também são reconfortante para qualquer viajante.

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Foto Pico Garcez

 
E o desbravamento desta ilha encantadora pode seguir em direção ao norte para a Balagne, região onde fica Monticello. Pelo caminho, não deixe de ver a bela praia de Santa Julia e de admirar a travessia das montanhas. Ao fim do dia, sob um belo pôr do sol ou, com sorte, uma lua cheia, há o reencontro com Mediterrâneo, que será curtido – e muito bem – em Ile Rousse. Uma boa dica de hospedagem na região é o hotel Piattatella, quatro quilômetros serra acima, e sempre acolhedor, com serviço atencioso e eficiente, e uma vista incrível dos vales ao redor. O simpático proprietário foi velejador e já curtiu um bocado em terras brasileiras, onde aprendeu muito sobre hospitalidade. Para completar o dia, reserve o jantar para uma ida ao A Pasturella, no centro de Monticello. Ótimos tatin de alcachofras, torta de ervas, turbot, lagostins, cordeiro e filé Rossini.

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Foto Pico Garcez

Depois de uma boa noite de sono e do café da manhã ouvindo pássaros e olhando as pequenas cidades produtoras de mel, azeite, vinho e embutidos, é hora de voltar à estrada. Pelas montanhas com estradas minúsculas e muitas curvas, lugares desconcertantes se apresentam: conventos, igrejas e lugarejos como Santo Antonino e Pigna, onde na minúscula igreja local, no dia de nossa passagem por lá, cinco jovens cantores ensaiavam para o festival de música local, no qual apenas as vozes são avaliadas.

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Foto Pico Garcez

Ao anoitecer, de volta a Monticello, uma fabulosa degustação de embutidos e vinhos corsos completa o dia. O cardápio foi montado com produtos da Loghja, uma loja de queijos, embutidos e vinhos em Calvi – e que tem uma filial em Paris. No dia seguinte, embaixo de sol intenso, as praias da Balagne chamam. Na parada para almoço, o Pain de Sucre, um charmoso restaurante e bar na praia de Saint Restitude, em Lumio, é a boa pedida. Camarões gigantes, mexilhões ao vinho branco e açafrão, peixes frescos do dia e cervejas corsas para refrescar.

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Foto Pico Garcez

Em mais um dia de sol, siga para a Reserva Natural de Scandola, um parque marinho em área preservada. O caminho de barco desvenda tudo o que o Mar Mediterrâneo tem de melhor. De volta à terra e à Ile Rousse, aproveite para jantar no U Libecciu (ah! estes nomes corsos) e se despedir da região. É daqueles restaurantes de calçada – mas com área interna para o inverno – de arquitetura arrojada. Delicioso gaspacho de tomates com purê de abobrinhas, raviólis de lagostins, lasanha de Brocciu (o delicioso queijo da Córsega), presse de beringelas e sobremesas fantásticas.

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Foto Pico Garcez

A despedida deste pequeno paraíso é sempre acompanhada de promessas de uma volta em breve. O retorno se dá por voo direto para Paris, onde uma nova história sempre começa.

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Foto Pico Garcez

 

 

 

 

 

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