Ele testemunhou a guerra civil espanhola, desembarcou na Normandia com os aliados no Dia D e ainda namorou a Ingrid Bergman. Um dos maiores fotógrafos de todos os tempos, ele ainda arrumava tempo para um drink com Hemingway, Picasso ou John Huston entre um clique antológico e outro. Nascido na Hungria, foi um dos fundadores da mítica agência Magnum, onde tinha como colegas Henri Cartier Bresson, Josef Koudelka e Elliot Erwitt, entre outros. Pouco após o seu centenário, completado em outubro passado, O ICP – International Center of Photography – inaugura em Nova York uma exposição com um lado menos conhecido desse mestre das imagens: suas fotos coloridas.
Mesmo sendo identificado pelas imagens inesquecíveis em P&B como a do miliciano levando um tiro na Espanha em 1936, Robert Capa usou a cor diversas vezes, mas acabou se rendendo à agilidade técnica que o filme teoricamente mais básico oferecia. Fundado pelo irmão mais novo do fotógrafo, Cornell Capa, o ICP é referência na curadoria e estudo dessa arte, com exposições, cursos e publicações de altíssimo nível. O material da expo Capa in color pertence ao acervo do instituto e mostra um momento de experimentação do fotógrafo com a cor. Ava Gardner, a modelo e atriz Caprice (de A pantera cor de rosa) e até Pablo Picasso estão entre os retratados. Mas há espaço também para cenas na Praça Vermelha, em Moscou, e na Indochina, onde mais uma guerra foi acompanhada de perto.
A mostra traz ainda documentos pessoais e anotações de Capa, permitindo que o público conheça mais desse mito centenário. O ICP recuperou também a única gravação disponível da voz do fotógrafo, em uma entrevista revelada recentemente. A história incrível de Robert Capa está ainda no seu livro de memórias Slightly out of focus (Ligeiramente fora de foco) e no recém lançado no Brasil Sangue e champanhe (Ed. Record).