Hoje é comum ver brasileiros no circuito fashion internacional. Mas muito antes da explosão das super modelos como Gisele Bündchen e Alessandra Ambrosio e mesmo de designers como Francisco Costa, Carlos Falchi já brilhava nas ruas, clubes e publicações de moda de Nova York. Desde os anos 60, o nome do mineiro de Belo Horizonte, morto no fim de março, circula pelas rodas da Big Apple. Foi nessa época que ele desembarcou em Manhattan, após um período no Colégio Militar e uma passagem pelos Correios, onde começou a desenvolver seu lado artístico desenhando selos.
A chegada aos Estados Unidos foi igual a de tantos outros imigrantes, e o jovem Carlos foi trabalhar limpando mesas numa boate. O nightclub, porém, não era qualquer um e sim o lendário Max’s Kansas City, playground da turma de Andy Warhol e do Velvet Underground e um dos berços da onda americana do punk e do new wave. Em pouco tempo Falchi estava desenhando roupas para Patti Smith, Mick Jagger, Tina Turner e Miles Davis que, atraídos pelos looks do rapaz, queriam peças semelhantes. Sem nenhum preparo técnico, Carlos trabalhava com couro e peles, tingindo o material na banheira de casa e costurando tudo a mão. Ao selecionar itens para apresentar à tradicionalíssima Henri Bendel, recebeu um conselho decisivo da executiva da loja, Geraldine Stutz: foco nas bolsas!
A dica mudou a vida de Falchi, que transformou suas criações em objeto de desejo dos antenados, ricos e famosos. Suas bolsas estão à venda nos pontos mais nobres e figuram no acervo do MET, em Nova York. Suas estampas de pele de animais com jeito de patchwork chique viraram clássicos, chegando a ser vendidas por alguns milhares de dólares. Radicado definitivamente nos Estados Unidos, recebeu diversos prêmios internacionais, sempre mantendo seu estilo. No vídeo abaixo, feito para o centenário da Neiman Marcus, o designer conta (em inglês) um pouco da sua história empreendedora e vitoriosa. RIP.