O mundo do samba é cheio de figuras míticas e histórias folclóricas, muitas delas inventadas e recontadas como se fossem reais. Alguns personagens acabam ficando meio de lado, escanteados por terem sido contemporâneos de algumas dessas lendas. O que muitas vezes gera injustiças e apaga para sempre algumas estrelas talentosas.
Wilson Baptista, autor de mais de 500 canções gravadas por grandes nomes da música brasileira nas décadas de 1930 e 40, quase ficou nesse cantinho do castigo da história. Muito lembrado por uma disputa com Noel Rosa, nem sempre tem o espaço que merece no olimpo do samba. A recém lançada biografia Wilson Baptista: o samba foi sua glória! chega às livrarias para consertar esse desvio histórico. Escrita pelo músico/pesquisador/ator Rodrigo Alzuguir, foi considerada a biografia do ano por Artur Xexéo e recebeu de Ruy Castro um singelo “este é o livro que eu gostaria de ter escrito”.
A pesquisa levou mais de 10 anos, e começou numa era em que o Google não estava tão pop e as Wikipedias ainda eram meras listas. Ou seja, o trabalho foi braçal, mas muito prazeiroso. Na década que levou para completar o projeto, Rodrigo produziu outros trabalhos ligados a Baptista, como um musical apresentado no teatro e um disco, pelo qual ganhou o Prêmio da Música Brasileira no ano passado. Editado pela Casa da Palavra, O samba foi sua glória teve o patrocínio da Natura Musical, projeto de incentivo à cultura da empresa de cosméticos. Bela homenagem no ano do centenário de Wilson Baptista.