Sinal dos tempos: a nova super agência de espionagem britânica do cinema se esconde sob a fachada de uma tradicionalíssima bespoke store na Saville Row londrina. A Kingsman, que dá nome ao filme estrelado por Colin Firth, foi inspirada na Huntsman, que contribuiu com a direção de arte desse misto de ação com toques de comédia, que homenageia os clássicos de 007 e seriados antigos como Os vingadores e Agente 86. Baseado nos quadrinhos de Mark Millar, o filme é uma tentativa do diretor Matthew Vaughn de renovar o gênero, como Caçadores da arca perdida fez com os as antigas histórias de aventura do século passado.
Mas a relação com a alfaiataria vai além da ambientação – aliás primorosa. Graças a uma parceria da equipe do filme com a Mr. Porter, 60 peças do figurino podem ser adquiridas pelo público. É a primeira vez que uma coleção inteira é desenhada junto com a concepção do guarda roupa usado em cena. Ternos, relógios, gravatas e até guarda chuvas estão à venda simultaneamente à estreia de Kingsman, quando o normal é que se crie uma linha de acessórios depois do filme em cartaz.
Conversamos com o alfaiate paulistano Vasco Vasconcellos, que alinha o pensamento à demanda da alfaiataria, evidenciada pelo espaço dado pelo filme ao hábito do bespoke, que está voltando com força total nos últimos anos. Um dos maiores nomes da alfaiataria contemporânea brasileira, Vasco chamou a atenção para o fato de termos a oportunidade de observar a escola britânica, já que no Brasil a influência vem mais do estilo italiano. O peso que a elegância tem na formação de um jovem espião também é um ponto positivo para o alfaiate, que reforça a importância dos bons hábitos pessoais na imagem de qualquer profisisonal. Em cartaz no Rio e em São Paulo, Kingsman é excelente diversão e uma bela aula – de história e marketing – sobre uma tradição cada vez mais relevante.