Não podemos negar que estamos vivendo a era da imagem. Os selfies e fotos de look do dia são grandes exemplos disso. Mas não é de hoje que as pessoas acham que o resto da humanidade merece ver o que estamos vestindo. Uma exposição no museu Fitzwilliam, na Inglaterra, mostra que um contador alemão foi o grande inventor dessa febre ainda no século XVI.
Matthäus Schwarz fazia a contabilidade de uma família muito rica e gastava sua ótima remuneração em roupas. Achando que o espelho não era suficiente, ele passou quatro décadas posando para artistas que ele contratava para imortalizar suas produções. Além de um excelente registro da moda no período, os retratos do Trachtenbuch (literalmente o livro dos trajes) mostram um pouco dos hábitos de etiqueta e política, como no costume amarelo e vermelho – as cores do império romano – usado numa passagem do imperador católico Carlos V por sua Alemanha natal.
O contador também tinha que seguir os rígidos padrões da época, em que apenas a nobreza podia cometer extravagâncias de estilo. Mesmo convivendo com os mais ricos, ele não tinha origem nobre, e respeitava o protocolo social. Mas sem deixar de cometer suas ousadias, como alguns retratos nus. O próprio Carlos V, porém, concedeu a Schwarz um título de nobreza em 1541. Quase 500 anos depois, além da exposição em Cambridge, seus retratos estão no acervo do Thyssen-Bornemisza, na Espanha, e na Biblioteca Nacional, em Paris. Curtiu?