Baseado numa graphic novel que vendeu mais de 80.000 exemplares na França, o filme de Bertrand Tavernier é um mergulho bem humorado nos bastidores da política francesa. Escrito por um diplomata, antigo redator dos discursos do ex ministro das Relações Exteriores Dominique de Villepin, o filme pinta um retrato ácido e cínico dos dirigentes do país e seus assessores, com a autoridade de quem esteve por um bom tempo convivendo com o poder.
21-Graus esteve na sessão do filme no Festival Varilux na semana passada, no Cinépolis Lagoon. O palácio francês é bem divertido, com destaque para o ótimo elenco. Dois de seus atores foram indicados ao Cesar, que premiou o coadjuvante Niels Arestrup pelo papel do chefe de gabinete. A outra indicada foi Julie Gayet, pivô da separação no início do ano do presidente François Hollande, escândalo que fez a festa de papparazi e revistas de celebridades na França. Ela estaria no cocktail após a sessão mas, talvez por conta da forte chuva que caiu no Rio, fez forfait.
O ator que faz o papel principal, Raphaël Personnaz e o veterano Thierry Lhermitte, intérprete do ministro que muda de ideia a cada meia hora, enlouquecendo a equipe, também são pontos altos do filme. Mesmo focando em dilemas caros aos franceses mas um pouco áridos para o público brasileiro, como a crise no Oriente Médio e o posicionamento dos países europeus, o retrato turbulento da diplomacia e política da França acabam ressoando com uma plateia que tampouco tem do que se orgulhar em matéria de representantes nas esferas do poder.