Quase todo mundo do universo da moda ficou surpreso em outubro do ano passado quando um designer de 34 anos, nascido na Georgia (ex-URSS) e de nome esquisito assumiu a direção criativa de uma das marcas mais luxuosas do planeta, a Balenciaga. Mas a verdade é que Demna Gvasalia fez seu nome no submundo fashion, com uma marca que desfaz paradigmas e cuja direção criativa divide com um grupo de outros estilistas tão jovens quanto ele. A papisa da moda Suzy Menkes, ex-International Herald Tribune e hoje consultora internacional da Vogue, disse que Demna “tenta construir uma atitude com roupas e que, mesmo que a pessoa não tenha aquela atitude, ao colocar um casaco ela consegue ter a postura e a silhueta que deseja”.
Na verdade, por pensar fora da caixa, Demna antecipou uma forte tendência de moda: a das megaproporções, em que os volumes se tornam o centro das atenções. E aí a questão feminino/masculino se torna tão last season. Sim, porque a Vêtements é o tipo de marca disruptive, como gostam de chamar em inglês. Por este perfil, claramente atinge pessoas mais jovens, mas isso não quer dizer que você não pode ficar de olho na maneira como ele brinca com as formas e tirar alguma lição daí, afinal, o conforto fica em primeiro lugar.
E aí veio a maior surpresa até agora – até maior que Demna ser chamado para a Balenciaga: a Vêtements participou esta semana dos desfiles de Alta-Costura. E mais: foi convidada pela Federação Francesa de Alta-Costura, estando no calendário oficial do evento e levantando novamente a questão: afinal, o que é Alta-Costura? Streetwear pode ser considerado nesta nobre categoria?
Ainda não sei como responder a esta polêmica, mas a verdade é que a Vetements trabalhou com 17 colaborações de marcas de high fashion e jeanswear, como Juicy Couture, Manolo Blahnik, Levi’s, Hanes e Reebok. E, principalmente, é verdade que as maxiproporções são a febre da vez.