Uma das matérias-primas mais nobres do mundo, o cashmere é tema de uma exposição individual da artista visual carioca Adriana Lerner Adelson, que começa no dia 4 e vai até o dia 29 de agosto na charmosa multimarcas Dona Coisa (Rua Lopes Quintas, 153 – Jardim Botânico), no Rio de Janeiro.
A mostra, intitulada “Unexpected Cashmere”, reúne obras resultantes de uma viagem que Adriana fez para o gélido norte da Cordilheira do Himalaia, a região mais alta do mundo, onde, a 4.900 metros de altitude, se produz, com tradições milenares, o cashmere. Feito a partir do pelo de cabra, ele tecido manualmente por artesãs.
Desde que começou o projeto, há um ano, Adriana ajudou inclusive a manter em funcionamento uma fábrica de cashmere artesanal, extremamente afetada pelo terremoto de abril de 2015, que assolou o Tibet.
Em suas criações, a fluidez, leveza e organicidade do cashmere ampliam os sentidos e demandam a interação do público. Flexível ou até camaleônico, ele se transmuta com as nuvens e com objetos cotidianos, criando novos significados, mesclado ao ocidental e tecnológico e dialogando com o antigo, o tátil e o simples ao trabalhar cores, formas e sensações.
Atravessando fronteiras, o cashmere inusitado de Adriana se encontra com os sacos de café feitos de juta brasileira, em um confronto harmônico de texturas. Em outra obra, o tecido em forma de algodão-doce presta uma homenagem à “Café-da- manhã em pele” (abaixo), xícara surrealista da artista alemã Méret Oppenheim.
Completam a mostra peças escultóricas que, na verdade, são joias atemporais, revelando mais um viés de sua pesquisa, que promove a continuidade do artesanato tradicional, onde tudo que é aprendido e trocado gera uma reflexão sobre um mundo baseado na construção coletiva e relações sem fronteiras.