A primeira vez que muitos de nós ouviu falar nesse trem foi no romance de Agatha Christie. Europeus com currículo de globe trotter da velha escola, porém, há mais de 100 anos conhecem e frequentam essa linha mítica, que revolucionou o conceito da viagem pré aérea no século XIX. Uma exposição no Instituto do Mundo Árabe, em Paris, está revivendo o glamour e aventura que instigaram nossos bisavós e deram origem a milhares de histórias, reais e fictícias.
Se para nós do outro lado do mundo a viagem Paris – Istambul em vagões art-déco parece de um luxo quase de sonho, a inauguração da linha em 1883 foi um marco de acessibilidade. Afinal, pela primeira vez se poderia chegar ao longínquo Oriente dos mitos e lendas numa viagem de “apenas” três dias e duas noites!
A expo é uma viagem no tempo. Dividida em duas partes, por vezes lembra um set de filmagem, com objetos que remetem a passageiros famosos – como uma máquina de escrever homenageia Graham Greene, pérolas lembram Josephine Baker e uma trilha de sangue brinca com a presença de Mata Hari em viagens de agente secreta. Copos de conhaque, luvas, cartas de baralho e maços de Gitanes completam o ambiente, que tem ainda trechos de filmes e sons característicos.
A deferência especial a Agatha Christie, que ajudou o trem a virar ícone pop está nos passaportes dos personagens de um dos seus romances mais famosos, Assassinato do Orient Express. Além das imagens e documentos, três vagões do Orient Express estão do lado de fora do Instituto – um prédio com projeto de Jean Nouvel – para visitação.