A 57ª Biennale de Veneza, que tem como tema VIVA ARTE VIVA, está quase acabando, mas você ainda tem um mês inteirinho para apreciar as obras de 120 artistas, espalhadas pelos Jardins da Bienal, pelo edifício Arsenale e pelo centro histórico da cidade, além de 23 eventos paralelos.
Com uma mostra dessa proporção, o difícil é escolher as prioridades. Eu, particularmente, gostei muito da exposição dupla de Damien Hirst que, por sinal, é paralela à Biennale. O artista britânico ficou conhecido por obras icônicas e controversas, como um crânio humano coberto com quase 9.000 diamantes e vendido por R$ 200 milhões. Mas ele é muito mais e isso fica claro nessa Biennale.
“Treasures from the Wreck of the Unbelievable”, algo como “Tesouros de naufrágio do Inacreditável”, é uma exposição dupla: no Pallazzo Grassi, estátuas gigantescas se estendem por três andares com sua altura imponente. Na Punta della Dogana, são mais de 100 esculturas e 21 gabinetes ocupados por objetos menores.
Com curadoria de Elena Geuna, a exposição conta a história fantasiosa do naufrágio do navio “Unbelievable” (inacreditável, em português), Damien Hirst levou dez anos. As estátuas imensas seriam o tesouro de Aulus Calidius Amotan, um escravo libertado que teria se tornado o conhecido colecionador Cif Amotan II. Ele pretendia colocá-las em um templo dedicado ao sol.
Mas é claro que o humor de Hirst está presente: um autorretrato em bronze do próprio artista segurando um Mickey Mouse nas mãos e incrustrado de corais é prova disso. Minhas peças preferidas, aliás, são justamente as que lembram um universo meio Atlântida, sabe?
Segundo o jornal The NY Times, Damien Hirst é um showman e a extravagância de sua “arte pós-verdade” faz dessa uma das exposições mais ambíguas dos últimos tempos. “É ame ou odeie”, diz o artigo. Eu amei. E você?