Com um número cada vez maior de estreias, os musicais finalmente se firmaram como um dos gêneros preferidos nos palcos de todo o Brasil. Natural, portanto, que num país de riquíssima tradição no assunto, os ídolos nacionais começassem a ter suas histórias contadas. A de Cazuza, que morreu no auge com apenas 32 anos, era um desafio por vários aspectos: personagem querido e ao mesmo tempo polêmico, história recente, excessos de todos os tipos… Mas o resultado é emocionante e arrebatador, especialmente pela interpretação de Emílio Dantas no papel do exagerado.
Sem abusar do chavão do ator que se transfigura no personagem, o trabalho do protagonista de Pro dia nascer feliz é assombroso. Mesmo sem se parecer fisicamente com Cazuza, graças a uma mistura de técnica, muito ensaio, sensibilidade e talento, Emílio leva a plateia ao túnel do tempo assim que entra em cena – em segundos ninguém duvida de que quem está ali é o ex Barão Vermelho.
Os outros atores não estão no mesmo patamar, com exceção de Suzana Ribeiro, irretocável no papel da mãe do cantor. O texto tampouco é uma obra prima, apesar de ser rico em detalhes captados com a ajuda da família e de amigos mas nada disso diminui o impacto de se ver a trajetória de Cazuza via suas músicas. Numa época em que heróis que não morreram de overdose estão decepcionando fãs de longa data, é ainda mais rico se lembrar de um artista que não estava nem aí para o que se dizia dele. E imaginar onde ele se colocaria na disputa entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade.
“Cazuza Pro Dia Nascer Feliz – O Musical”
Theatro Net Rio – Rua Siqueira Campos, 143, 2º Piso, Copacabana
(21) 2147.8060
5a e 6a, às 21h; sábado, às 18h e às 21h30; domingo, às 19h
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