Blog

21 Graus

Carnaval no túnel do tempo

Esta é normalmente uma época meio nostálgica: o clima das fantasias, as marchinhas clássicas, as nossas fotos de Mickey e Super Homem na infância… Mas este carnaval está mais do que o normal, graças à crise hídrica. Mais que nunca, antigos sucessos que embalavam os foliões do século passado estão soando super atuais, infelizmente. E a perspectiva de 600 blocos só no Rio dá sede só de imaginar. Afinal, além do banho que se espera tomar na volta da folia, os médicos recomendam que se beba um litro de água por hora de bloco.

1

 

Em 1954, o Vagalume, de Vítor Simon e Fernando Martins ganhou as ruas e salões do Rio com uma espécie de anti-Cidade Maravilhosa. A letra até parece que foi feita neste verão:

Rio de Janeiro
Cidade que nos seduz
De dia falta água
De noite falta luz.

Abro o chuveiro
Não cai nem um pingo
Desde segunda
Até domingo.

yer

Com a crise de volta, já tem muito gente querendo incorporar a Maria de outro clássico, Lata d’água (Antonio de Padua Vieira da Costa), campeã do carnaval de 1952:

Maria Lata D'Água

Lata d’água na cabeça
Lá vai Maria
Sonhando com a vida no asfalto
Que acaba onde o morro principia

Nos carnavais antigos, a falta d’água servia como metáfora do fim de um relacionamento. Na voz de Marlene, o samba meio tristonho de Monsueto Menezes e Tufy Lauar dava o recado que hoje nos assombra, A fonte secou:

Eu não sou água
Pra me trateres assim
Só na hora da seca
É que procuras por mim
A fonte secou

3

Desta vez, o hit que mais se espera ouvir, com o perdão da tendência altamente alcóolica, é o Saca rolha (Zé da Zilda, Zilda do Zé e Claudionor Santos). Quem ama ou odeia carnaval, no calor dos blocos ou no conforto do ar condicionado, estará junto num só desejo: https://www.youtube.com/watch?v=KJd-CInLDi0

As águas vão rolar
Garrafa cheia eu não quero ver sobrar
Eu passo a mão no saca, saca, saca-rolha
E bebo até me afogar

ADICIONAR COMENTÁRIO