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Brioni: sem medo de mudar

Oi, gente, tudo bem?

Um dos maiores medos das grandes marcas de moda é perder o seu DNA. E o que isso significa na prática? Significa que se a Chanel passar a ter uma linha masculina, ou a Hermès começar a trabalhar com couro sintético, elas perdem sua essência, justamente o que faz delas “a” Chanel e “a” Hermès.

Ao longo da história, marcas como a Cartier tentaram se adaptar aos novos tempos, lançando produtos mais acessíveis – como a linha Must nos anos 80 – mas acabaram desagradando seus consumidores e isto foi um tiro no pé.

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Alguns casos, porém, podem ser bem-sucedidos e esta é a minha aposta para a Brioni. Fundada como uma clássica alfaiataria em 1945, em Roma, a marca ficou conhecida por seus bem cortados ternos e por seus calçados formais de couro italiano. Mas acabou enfrentando períodos difíceis – sua única loja no Brasil, por exemplo, que ficava no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, fechou as portas sem alarde com menos de 5 anos de vida.

E aí que, em março, a grife anunciou uma notícia bombástica: escolhera para seu diretor criativo Justin O’Shea, que era diretor de moda da multimarcas descolada MyTheresa. Tatuado, divertido e rei das mídias sociais (com mais de 92.000 seguidores), ele vinha contra a imagem do tradicional alfaiate italiano. E esta escolha claramente queria dizer algo.

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Hoje, graças ao site Business of Fashion, a gente ficou sabendo o que: a Brioni está mudando. Em primeiro lugar, menos focada no design e mais centrada na comunicação, mas o que não quer dizer que as modelagens ficam de lado. Aliás, elas também se transformam de agora em diante. Hoje, no desfile da marca na Paris Fashion Week, foi divulgada a primeira campanha da marca pós-O’Shea. E os modelos são ninguém menos que os integrantes da banda Metallica: James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Robert Trujillo.

Até o logotipo mudou de um minimalista nome em vermelho para um estilo gótico em branco. As fotos da campanha são em preto-e-branco, remetendo à capa do álbum “Bohemian Rhapsody”, do Queen, mas engana-se quem imagina que os músicos aparecem de jeans e couro: eles estão de smoking. Nas fotos individuais, porém, eles vestem um novo estilo de terno proposto pela grife, o Continental, que tem ombros mais amplos, cintura estreita, corpo mais longo e silhueta estruturada.

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Na avaliação do site Business of Fashion – com a qual concordo – a campanha sinaliza quão longe O’Shea está disposto a ir para reposicionar a Brioni e também mostra o tom masculino e rústico que a marca pode assumir. Fica ainda mais interessante quando a gente pensa que vai na contramão do que o mercado da moda tem martelado: criações sem gênero definido.

Ousadia, a gente vê por aqui.

 

2 Comentários

  1. O caso Brioni: mudar não é tão fácilResponder

    outubro 05, 2016, 10:29 AM

    […] quando a gente falou aqui que a Brioni não tinha medo de mudar? Pois é. Ao que tudo indica, não é bem […]

  2. A nova marca de Justin O’SheaResponder

    abril 07, 2017, 06:17 PM

    […] quando a gente falou aqui sobre o Justin O’Shea? Contamos que ele era tatuado, divertido e rei das mídias sociais, e […]

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